O interesse do Zaragoza em contar com Nilmar para disputar a Segundona espanhola é explícito.
Nilmar, por sua vez, também declara intenções de cruzar o Atlântico.
E o Inter?
Ah, o Inter faz papel de bobo e assiste a tudo sem questionamentos, afinal, se submeteu a tal cláusula contratual ao trazer o jogador.
As contratações de D’Alessandro (afastado por indisciplina na última temporada no Zaragoza) e Daniel Carvalho não servem como justificativa para liberação do centroavante.
Os próprios clubes aceitam o sucateamento do futebol brasileiro e a política financista e exportadora da CBF.
Nilmar é apenas o nome do momento, mas ainda neste campeonato Adriano, Henrique, Gabriel, Roger, Souza, Marcinho e outros já seguiram o mesmo caminho.
E a sangria vai continuar.
"Mas a média de público cresce e a disputa é acirrada", diriam os mais simplistas.
Sim, ótimo, que continue assim.
Não tenho dúvida que o campeonato é bonito por natureza, mesmo que deficiente.
A competitividade entre clubes e paixão que o torcedor tem pelo esporte deveria ser a razão principal de uma administração voltada para o fortalecimento da competição, logo, fortalecimento dos clubes que a disputam.
Mas, não, o que mais importa são os dólares dos amistosos da Seleção fora das fronteiras e os craques exportados a cada seis meses.
A CBF enriquece e se exime das políticas protecionistas aos clubes.
O Palmeiras se resume a uma vitrine da Traffic, que por migalhas assumiu o departamento de futebol, enquanto o Fluminense reza para que o patrocinador reforce o elenco e o Atlético Mineiro apela aos veteranos para segurar o elenco na primeira divisão.
Os clubes brasileiros de maneira geral se rastejam para o mundo ver, apesar da sensível melhora na estrutura física de alguns poucos.
Lembremos que bom gramado, estádio, centro de treinamento e recuperação de atletas são premissas para um clube de futebol.
A grandeza também passa por administrações independentes, democráticas e financeiramente fortes.
Não entendia o porquê do Campeonato Brasileiro não passar de notinhas de rodapé no noticiário espanhol.
A questão da diferença de idioma me parece pobre para explicar o descaso a um campeonato tão disputado e formador de talentos.
Mesmo os companheiros jornalistas pouco acompanham os craques e times do Brasil.
Mas se Grécia, Catar, Coréia têm poder suficiente para tirar jogadores do país, qual a força do campeonato tupiniquim?
Apesar dos gramados ruins, estádios precários, êxodo dos melhores jogadores em meio à competição, péssima assistência ao torcedor e apesar da atual gestão arcaica da CBF, o Campeonato Brasileiro tem muita margem de crescimento.
Por enquanto, o reconhecimento internacional do futebol brasileiro fica centralizado em jogadores pontuais que atuam na Europa e a uma seleção que, a cada quatro anos, costuma se apresentar bem.
Contentar-se com o crescimento da média de público e com a competitividade do campeonato nacional me parece pouco.
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