terça-feira, 29 de julho de 2008

Por Gustavo Villani, de Madri...

O interesse do Zaragoza em contar com Nilmar para disputar a Segundona espanhola é explícito.

Nilmar, por sua vez, também declara intenções de cruzar o Atlântico.

E o Inter?

Ah, o Inter faz papel de bobo e assiste a tudo sem questionamentos, afinal, se submeteu a tal cláusula contratual ao trazer o jogador.

As contratações de D’Alessandro (afastado por indisciplina na última temporada no Zaragoza) e Daniel Carvalho não servem como justificativa para liberação do centroavante.

Os próprios clubes aceitam o sucateamento do futebol brasileiro e a política financista e exportadora da CBF.

Nilmar é apenas o nome do momento, mas ainda neste campeonato Adriano, Henrique, Gabriel, Roger, Souza, Marcinho e outros já seguiram o mesmo caminho.

E a sangria vai continuar.

"Mas a média de público cresce e a disputa é acirrada", diriam os mais simplistas.

Sim, ótimo, que continue assim.

Não tenho dúvida que o campeonato é bonito por natureza, mesmo que deficiente.

A competitividade entre clubes e paixão que o torcedor tem pelo esporte deveria ser a razão principal de uma administração voltada para o fortalecimento da competição, logo, fortalecimento dos clubes que a disputam.

Mas, não, o que mais importa são os dólares dos amistosos da Seleção fora das fronteiras e os craques exportados a cada seis meses.

A CBF enriquece e se exime das políticas protecionistas aos clubes.

O Palmeiras se resume a uma vitrine da Traffic, que por migalhas assumiu o departamento de futebol, enquanto o Fluminense reza para que o patrocinador reforce o elenco e o Atlético Mineiro apela aos veteranos para segurar o elenco na primeira divisão.

Os clubes brasileiros de maneira geral se rastejam para o mundo ver, apesar da sensível melhora na estrutura física de alguns poucos.

Lembremos que bom gramado, estádio, centro de treinamento e recuperação de atletas são premissas para um clube de futebol.

A grandeza também passa por administrações independentes, democráticas e financeiramente fortes.

Não entendia o porquê do Campeonato Brasileiro não passar de notinhas de rodapé no noticiário espanhol.

A questão da diferença de idioma me parece pobre para explicar o descaso a um campeonato tão disputado e formador de talentos.

Mesmo os companheiros jornalistas pouco acompanham os craques e times do Brasil.

Mas se Grécia, Catar, Coréia têm poder suficiente para tirar jogadores do país, qual a força do campeonato tupiniquim?

Apesar dos gramados ruins, estádios precários, êxodo dos melhores jogadores em meio à competição, péssima assistência ao torcedor e apesar da atual gestão arcaica da CBF, o Campeonato Brasileiro tem muita margem de crescimento.

Por enquanto, o reconhecimento internacional do futebol brasileiro fica centralizado em jogadores pontuais que atuam na Europa e a uma seleção que, a cada quatro anos, costuma se apresentar bem.

Contentar-se com o crescimento da média de público e com a competitividade do campeonato nacional me parece pouco.

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